22 de julho de 2009

Alô!!


O Nando era casado. Era e será, que há nós que não se desfazem.
A mim pouco me incomodam os nós dos outros; a paixão quando aparece, com aquela força bruta, não olha a essas coisas e pede caminho livre.
Ora do caminho tratou o Nando. Eu por mim levei a lingerie e o tinto, que o serão, das outras vezes, tinha-se prolongado pela madrugada e a garganta secara.
Não vou falar aqui dos acessórios porque o Nando é um tímido e se o descobrem aqui ainda vai ficar encabulado, mas aviso já que me apetrechei bem apetrechada. Podem imaginar o que nos esperava naquele apartamento de turismo rural, ali para o sul caloroso do país.
O Nando gostava de me aconchegar a ele e ficar assim a mimar-me durante horas; ele era atenções, carinhos, roçadelas, miaus e patinhas no ar; enfim, de tudo um pouco e tudo regado com produtos de qualidade, desde o tinto ao branco.
E assim nos entretivemos durante horas; acho que até nos esquecemos do jantar porque a hora a que toda a cena aconteceu era já tardia e bem tardia!
Fui eu que vi o telemóvel a piscar e dei conta da situação; doutra forma creio que teria metido polícia e tudo! Pois se a polícia já andava no encalço dele, depois da esposa ter falado para os hospitais todos a saber se lhe tinha acontecido alguma coisa!
É que o Nando esquecera-se do telemóvel no silêncio e aquele telefonema da noite com que tranquilizava a esposa dizendo-lhe que estava no quarto do hotel a descansar dos trabalhos do congresso, falhara.
Bem… eu por mim tanto me fazia que ele comunicasse com a senhora ou não, que os hábitos das mulherzinhas controlarem os seus mais-que-tudo nas ausências era coisa que me passava bem ao lado. O mesmo já não posso dizer do desempenho do Nando, que quando se apercebeu que até já os filhos estavam metidos ao barulho, telefonema p’ra cá e telefonema p’ra lá, ficou incapaz de levantar um dedo. Aquilo parecia uma cena de velório, com uns contactos de urgência para uns amigos cúmplices e muitos ais de desespero.
Que é que eu fiz?
Ora, virei-me para o lado e adormeci na paz dos anjos, que uma mulher sabe tirar partido das situações em qualquer circunstância e o descanso traduz-se sempre em mais frescura na manhã seguinte. O Nando que fosse meter-se debaixo das saias da senhora dele, que eu, haveria de encontrar rapidamente um par de calças à minha medida!

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