Os relatos que ouço parecem apenas rumores fugidos da ilha sitiada pelo silêncio. A verdade me escapa e esbarro amiúde com simulacros e bravatas de um país emudecido. Ainda assim continuo a procurá-la sem legendas nem palavras de ordem.
Não quero somente escrever sobre os dias memoráveis de um filho ilustre de Havana. Quero também as minúcias da cidade, a alma de uma época extraviada no tempo que tresando perseguindo o rasto de um homem.
Invade-me a impressão de que a historia de Cuba é escrita a maneira de um romance perfeito e o hoje se faz a revelia da vaidade de heróis anacrônicos que pregam a liberdade ao passo que encarceram a palavra.
Caducaram os revolucionários de outrora e os velhos ideais ficaram desorientados com as andanças do mundo. Os livros narram as proezas do passado obedecendo a ideologia de uma revolução cheia de contradições a proclamar uma liberdade censurada.
O silêncio mal assombra minha escrita. Varo as madrugadas folhando jornais antigos que reacendem a certeza de que um certo Jose Raúl Capablanca existiu. Ainda assim, sinto que estou a perseguir em vão a sombra capenga de um gênio pelas ruas da histórica havana.
Retirado do blog: Um pouco de história..
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